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Teologia Liberal – Uma Antiteologia

Por Eguinaldo Hélio Souza

 

 No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade. (2 Pedro 2.1, 2)

 

Desde seu nascimento a Teologia Liberal tem sido vista por muitos como uma simples opção teológica entre outras, mesmo por quem dela discordava. Tal postura precisa ser mudada. Do contrário, o verdadeiro cristianismo sucumbirá e morrerá. Aquilo que foi chamado de teologia liberal, modernismo, método histórico-crítico e outros, definitivamente não é uma opção para qualquer cristão verdadeiro que creia na Palavra e deseje servir ao Senhor.

Para essa “teologia”, os fatos históricos das Escrituras não passam de mitos. As verdades eternas são meras opiniões e a inspiração divina é reduzida a simples experiências pessoais. Toda singularidade revelada nas Bíblia é destruída e nada mais resta do que sentimentos vazios e ideias humanas.

O Deus único de Israel, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, torna-se um vago conceito presente em todas as religiões, desde o obscuro Olodumarê das crenças africanas até o indefinível Tao da filosofia de Lao-Tsé. Qualquer coisa que alguém chame de Deus, torna-se Deus. O Deus do liberalismo não se auto revelou de modo distinto e exclusivo conforme sua soberana vontade, nem tem uma identidade que o distinga das divindades criadas pela imaginação dos homens. Definitivamente, não é o Deus verdadeiro, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.

Para essa anti-teologia liberal, Jesus, único Salvador e Redentor, é um homem religioso tão filho de Deus quanto pedófilos ou assassinos. Nada o distingue dos demais seres humanos, nada o torna exclusivo. O que Ele disse de si mesmo e o que disseram os que com Ele andaram, não passa de afirmações que precisam ser reinterpretadas conforme a cultura ao redor. Quando muito, Jesus se torna o Logos presente em todas as religiões, desde a asteca arrancando o coração de vítimas involuntárias vivas, até aquelas que veneram ratos, vacas e macacos.

Sola scriptura, sola gracia, sola fide e solo Christos não passam de expressões bonitas em latim, forjadas em um momento histórico como outro qualquer, que longe de significar um árduo e caro combate na luta pela verdade revelada, trata-se de mais do mesmo. E ainda querem ser identificados como protestantes, quando ao invés de protestar em favor da verdade contra o enganoso mundo ao redor, rendem-se a ele de modo servil e tolo.

Apesar de sua erudição e fama, seus pressupostos falsos os levaram a edificar um edifício intelectual que não somente se distingue, mas que se opõe à verdade revelada por Deus. Nada sabem os que exibem sua suposta “teologia liberal” em seus livros e palestras vãs, e disseminam ensinos que não podem salvar.

Desculpe-me a falta de bom mocismo, mas já temos um ex-continente cristão espiritualmente morto, assassinado por essa antiteologia “fidecida” (assassina da fé) que nada edifica. Nenhuma fé cristã verdadeira permanecerá viva perante ela. Matou o Cristianismo na Europa, enfraqueceu-a na América do Norte e agora, como uma nuvem escura procura encobrir o Sol na justiça no Hemisfério Sul, onde muitos milhões têm caminhado verdadeiramente com o Senhor.

Ela não é um simples fermento que leveda a massa. É a massa podre que apodrece os que dela se aproximam. Como escreveu Eta Linnemann, alguém que escapou das garras dessa “teologia”: “Estamos lidando com forças demoníacas, sob cuja influência cai a pessoa quando começa a descer por esse caminho”[1]

Os que abraçaram essa anti-teologia ou mesmo os que com ela flertam, ainda que discretamente, têm nome de quem vive, mas estão mortos. Tal anti-teologia não tem qualquer utilidade para edificar, instruir ou guiar a verdadeira Igreja de Cristo. No entanto, servirá certamente para o reino do anticristo e para todos os que cega e surdamente o seguirem.

Todo vocabulário bíblico, todas as expressões teológicas por eles utilizadas, não passam de armadilhas semânticas. Querem levar os desavisados a acreditar que são cristãos no mesmo sentido empregado em Atos 11.26 e ao longo da história, quando não passam de pseudos cristãos e pseudos teólogos. Não são de fato crentes em qualquer sentido. São incrédulos que se cobrem com verniz religioso e erudito, como cal que cobre túmulos.

Sua sutileza, sua ambiguidade e seu pseudo cristianismo produzem uma teia pegajosa que vitima os que confundem erudição e retórica com verdade, e filosofias e vãs sutilezas com teologia cristã.

A anti-teologia liberal tem se unido a toda sorte de enganos ideológicos, do marxismo ao ecumenismo, e tem absorvido em seu seio conceitos morais e espúrios. Ao mesmo tempo, cria e se une a organizações poderosas e influentes, ganha visibilidade e controle, mas não colabora nem um grama para a salvação eterna prometida pelo Evangelho. Longe de ser “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1.16), a anti-teologia liberal é a perdição e o engano humanos para os que pensam ter Deus.

Se o anticristo abraçar alguma teologia, com certeza será essa. Aqueles que têm desejado servir ao Senhor de coração, os verdadeiro defensores de sua Palavra, serão sempre tidos como insanos e perigosos.

Chega de falar na intenção dos liberais. Se suas intenções eram boas, suas proposições foram péssimas e seus frutos podres. Essa teologia da morte não deriva das Escrituras e nem do coração de Deus. Ela desensina quem aprendeu de Deus, ela desconstrói o que teólogos sérios ao longo do tempo lutaram muito para construir, ela desvia os que andam no caminho. Lágrimas vêm aos nossos olhos por ver homens de Deus transformados em fantoches do príncipe deste mundo.

A Reforma, com as Escrituras inerrantes e divinamente inspiradas, foi capaz de começar um movimento para trazer a igreja de volta ao seu eixo. A anti-teologia liberal não é um novo eixo. É a morte e destruição de qualquer padrão para aqueles que querem conhecer, servir e obedecer ao Deus vivo e verdadeiro. Não tem nada a acrescentar, somente a suprimir da verdadeira igreja de Deus.

Até quando essa senhora “deseleita” se passará por teologia e por igreja e por cristianismo?

Confio mais no indouto Pedro do que nos supostamente sábios Ritchl, Bultmann, Scheleiermacher, Tilich e toda uma turba enorme que fizeram tanto desserviço ao Reino de Deus. E se eles foram homens de grande estatura intelectual, com certeza foram anões espirituais e esquálidos mestres da verdadeira teologia, que deve levar homens a Deus e não fazê-los se perder.

Usarei novamente a frase de Gresham Marchen, que tanto lutou contra o liberalismo no século passado. “Em tempos de crise, Deus sempre salvou a Igreja. Mas ele sempre a salvou pelos teimosos defensores da verdade, e não pelos pacifistas teológicos”[2]. Até quando nosso mórbido pacifismo teológico se traduzirá em negligência com a verdade e tolerância com o engano?



[1] LINNEMANN, Eta. Crítica histórica da Bíblia. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.137

[2] MACHEN, J. Gresham. Cristianismo e liberalismo. São Paulo: Shedd Publicações, 212, p. 146

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