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Ninguém Vive Sem Escatologia

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Pelo fato do futuro ser inevitável não há como não pensar nele. Mesmo os cristãos que sofrem de escatofobia, isto é, medo de escatologia, não fugirão do porvir. Não refletir sobre as coisas que as Escrituras falam sobre o tempo do fim é como correr o risco de navegar sem uma bússola.

Em tempos atrás havia nos meios evangélicos uma única visão escatológica predominante. Recentemente, outras correntes também entraram no pensamento teológico brasileiro. Alguns, que já achavam o assunto um bicho de sete cabeças optaram por se afastar ainda mais do tema. Debates entre pré-milenistas, amilenistas, pós-milenistas tornaram-se mais freqüentes. Pós e pré tribulacionistas entram em conflito sempre que o tema surge. Dispensacionalistas são cutucados pelos aliancistas. Para quem desconhece o linguajar teologuês tudo parece obscuro demais.

Antes de dar um passo mais longe dentro do pensamento escatológico, podemos abordar o assunto começando pelos aspectos mais simples. Gosto de chamar de escatologia mínima. Embora tenhamos várias correntes que podem e devem ser respeitadas, existem alguns pontos da escatologia que são inegociáveis, que ninguém que se diz cristão pode ignorar. Conhecer e crer nesses pontos faz parte do pensamento cristão saudável.

Esses pontos são:

1. A consumação dos séculos

Para qualquer pessoa que tenha lido a Bíblia toda sabe que a história tem um ponto final. Não apenas a história humana, mas a própria história cósmica e universal. Este estado de coisas é um estado caído. O mundo como o conhecemos não é o mundo de Gênesis 1.31 onde tudo é muito bom. Vivemos no mundo de Gênesis 3.17 onde a terra tornou-se maldita por causa do pecado do homem. A redenção ainda não foi concluída. Estamos dentro do processo redentivo. Que só terminará após o fim de toda oposição a Deus, terminando com a morte da morte, quando então Deus será “tudo em todos” (1 Co 15.28)

2. A volta de Jesus

Jesus voltará. A promessa de seu retorno percorrer todo o Novo Testamento e mesmo certas porções do Antigo. Voltará visível e fisicamente em um momento inesperado. Muitos, dentro de nossa cultura cristã, dizem que não acontecerá porque já se passaram dois mil anos. Podem passar dez mil anos, ele voltará.

Alguns querem falar de uma vinda invisível e não real. Não é isso que as Escrituras ensinam. O Messias é um fato histórico. Ele tornou-se homem em um determinado tempo e lugar. Seu retorno também é um fato histórico aguardado. Ele acontecerá tangivelmente no tempo e no espaço.

3. A ressurreição dos mortos

Apesar do que muitos pensam, nossa esperança não é morrer e ir para o céu. Nossa esperança e tornar a viver novamente em um corpo glorificado. A ressurreição não é um apêndice da teologia, é o anseio do cristão, a consumação dos propósitos de Deus para os redimidos.

Uma ressurreição física sim, corrompida não. Ela é descrita como o mortal sendo revestido da imortalidade e o corruptível sendo revestido de incorruptibilidade. A morte sendo tragada pela vitória (1 Co 15.51-57). Nós não queremos ser despidos, não queremos ser espíritos sem corpos. Nós queremos que o mortal seja absorvido pela vida (2 Co 5.1-4).

Cristão que é cristão anseia pela ressurreição.

4. O juízo final

Cada indivíduo será julgado. Esta é uma realidade das Escrituras. Em Eclesiastes, esse ponto é apresentado como um resumo para tudo o que foi, é e será dito (Ec 12.13, 14). A injustiça neste mundo, onde o certo não é recompensado e o mal não é castigado evoca a realidade de que há uma justiça além desta. E é a de Deus que se manifestará no fim.

As pessoas podem duvidar do que quiserem, mas Deus tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo (At 17.31)

5. Condenação e glória eterna

Ainda que dentro do círculo cristão alguns queiram negar a eternidade do inferno, ela é um fato bíblico, tão bíblico como a eternidade em glória. O cristianismo é uma verdade absoluta no qual a existência humana é levada à extrema seriedade – ou tudo ou nada. Não há subterfúgios, não há meio termos: bênção ou maldição, vida ou morte, salvação ou perdição eterna.

Podemos discutir muitos assuntos em escatologia. Podemos fazer especulações cuidadosas e apontar indícios de que aquilo que cremos está se cumprindo. Entretanto, os pontos acima são inegociáveis. O fim vem, Jesus vem, a ressurreição virá, bem como o julgamento e suas conseqüências eternas. O que nos resta é viver neste mundo com um olhar na eternidade, pois é lá e somente lá que está nossa morada permanente. (Ec 12.5)

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