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O que a Bíblia fala do anticristo? (Introdução)

Por Eguinaldo Hélio de Souza

 

Foram os profetas bíblicos quem deram a História a idéia de sentido. Foram também eles quem deram a História o conceito do Messias, ou seja, alguém especial que viria ao mundo para transformá-lo. Esta crença foi levada por eles a lugares distantes, como vemos no caso dos magos que vieram adorar a Jesus por ocasião do seu nascimento.

Lembremos, porém que a palavra Messias significar “UNGIDO”, termo aplicado a reis, profetas e sacerdotes. Em outras palavras houve muitos “ungidos” na história de Israel. Todavia, o que eles aguardavam era um ungido em especial. Osoutros eram ungidos, mas este era O Ungido por excelência.

De modo semelhante foram as Sagradas Escrituras quem introduziram na História o conceito do anti-ungido ou anticristo. A figura de alguém que seria o inverso do ungido, que viria para enganar e afligir a raça humana se encontra em diversas passagens das Escrituras, ainda que nem sempre o termo utilizado seja este.

Na verdade, o termo “anticristo” só aparece em quatro passagens (1 João 2.13,18; 4.3; 2 João 7). O conceito, porém é bem mais antigo e mais amplo. Está presente tanto nos livros do Antigo, quanto no Novo Testamento.

Alguns expositores da Bíblia gostam de negar o anticristo como personagem histórico, e apontá-lo apenas como tendência herética de alguns grupos que negaram a encarnação de Jesus, conforme está escrito nas epístolas do apóstolo João. Todavia, embora João trate somente deste aspecto do anticristo, ele não desenvolveu a doutrina inteira.

Temos também “o íniquo”, “homem do pecado”, “filho da perdição”, a quem Paulo se refere no capítulo 2 de sua segunda epístola aos tesssalonicenses. Ao que parece, esta figura sinistra fazia parte de sua pregação “Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco?” (2Tessalonissenses 2.5). O surgimento desse personagem é algo tão patente na teologia bíblica que o apóstolo utiliza uma passagem do livro do profeta Isaías para descrever a derrota desse homem do pecado na vinda do Messias (Isaías 11.4 com 2 Tessalonissenses 2.8).

Da mesma forma, o anticristo pode ser identificado com o personagem denominado “a besta que saiu do mar”, descrito principalmente em Apocalipse 13. Sua oposição a Deus e ao seu Cristo e sua posterior derrota descrita no capítulo 19 o identificam como sendo o mesmo citado na epístola de Paulo a igreja de Tessalônica.

Sendo assim, estamos lidando não com apenas um texto bíblico, mas com uma doutrina bíblica, desenvolvida em inúmeras passagens. Ainda que somente João use o termo “anticristo”, é impossível não relaciona-lo com as passagens citadas acima e mesmo com outras que se encontram em outros trechos do Antigo Testamento, como no livro de Daniel.

Em Daniel principalmente, nos capítulos 7, 8 e 11 surge a figura de um governante de “feroz aspecto”, inimigo do povo de Deus. Estas passagens contribuíram enormemente para definir o perfil político do anticristo. Nas epístolas joaninas seu aspecto é mais religioso do que político e está focalizado em cima da doutrina cristã. Mesmo assim foi o termo que mais se adaptou ao conceito histórico deste personagem.

Como já vimos, o apóstolo Paulo faz referência a ele chamando-o de “homem do pecado, filha da perdição” (2 Tes 2.3) e “o iníquo” (v.8), dizendo que será desfeito pelo sopro da boca do Senhor, citando Isaías 11.8, mostrando que a idéia desta figura tem suas raízes no Antigo Testamento. Ainda muitas passagens do livro de Jó referentes ao “ímpio”, podem ser uma alusão indireta (veja Jó 15.20-30). Mas é no capítulo 13 de Apocalipse que se delineia com mais exatidão este perfil. Ali o vemos como um governante soberbo, destruidor do povo de Deus, possuído de autoridade maligna e que consegue seduzir o mundo inteiro. Muitos dos elementos contidos nesta passagem das Escrituras fornecem apoio às previsões e analises das profecias bíblicas e nos ajudam a identificar o desenrolar da História.

Como um primeiro contato com esta doutrina é possível perceber que longe de ser algum tipo de histeria irracional é um ensino tão presente nas Escrituras quanto qualquer outro. Se durante a História houve abusos no uso desse conceito, esses abusos não podem invalidar o ensino bíblico. Virá ao mundo um ser maligno que será derrotado pelo retorno de Cristo. Será um homem perverso, com poderes demoníacos e capacidade para controlar as nações por diversas formas. Ainda que uma infinidade de figuras históricas tenham sido consideradas erroneamente como sendo o anticristo, nem por isso significa que ele não surgirá em determinado momento. Apenas significa que as pessoas acreditam no que a Palavra de Deus diz e estão atentas aos acontecimentos mundiais.

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